sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Fim de ano, retrospectivas e natal

É fim de ano. Véspera de natal. As lojas estão cheias. O comércio faturando. Pessoas correndo, algumas sorrindo, outras de cara feia. Todo final de ano é assim.

Na televisão, no rádio e na internet multiplicam-se as retrospectivas do ano. É tempo de balancete. Pesar o que foi bom e o que foi mau. O que necessita ser mantido e o que precisa ser mudado. Todo ano termina assim.

No meu entendimento, 2010 foi um ano muito bom.

Na minha retrospectiva pessoal, tenho meus próprios destaques.

Na política destaco, além é claro da eleição de Dilma, o renascimento do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul. A vitória de Tarso Genro ao governo do Estado, representou a volta do PT ao cenário político gaúcho. Confesso que quando o PT perdeu o governo do RS em 2002 e a prefeitura de Porto Alegre em 2004, pensei que o partido estivesse condenado no Estado. Mas 2010 mostrou-me o contrário. Acredito que desta vez a relação do governo petista com a mídia será diferente do governo Olívio Dutra (1999-2002), onde existiu um conflito entre o governo estadual e a opinião pública. Afinal, Tarso é um conciliador.

Já no cinema, algo que aprecio muito, me marcou o filme Avatar (EUA, 2009), apesar de não ser fã de filmes de ficção científica, gostei muito do que vi. Avatar é um filme que faz refletir sobre o que estamos fazendo com nosso planeta, especialmente nos faz refletir sobre os motivos de estarmos destruindo nosso planeta. Outra coisa importante de Avatar foi assisti-lo em 3D, uma experiência fantástica. Acredito que os filmes de entretenimento nunca mais serão os mesmos após Avatar.

No futebol, foi marcante a Copa do Mundo da África do Sul, apesar da derrota brasileira e das vuvuzelas, foi muito bom ver seleções como a Espanha (campeã) e Holanda (vice-campeã) apresentarem um futebol de excelente qualidade técnica e tática. Outro destaque importante no futebol foi a conquista da Libertadores da América pelo meu Internacional, apesar da derrota do Mundial de Abu Dhabi, o ano foi maravilhoso para os colorados. Como colorado, espero um 2011 ainda mais vitorioso.

Por fim, é natal.

E natal não é consumismo, natal é Jesus Cristo. O Christmas Day, o dia de Cristo. Pois há mais de dois mil anos atrás, Jesus, o filho do Deus vivo, veio a Terra trazer uma mensagem de libertação.

Jesus foi um libertador.

Jesus é o libertador que abriu mão de Sua glória para se fazer homem e estar entre nós. Por amor, Jesus nasceu, morreu e ressuscitou. Portanto, este deve ser o sentido de nossa celebração natalina.

Não faz mal trocarmos presentes, o que faz mal é esquecermos o verdadeiro sentido de estarmos celebrando o natal, ou seja, celebrando o nascimento de Jesus e, assim, celebrando Sua mensagem, uma mensagem de libertação, amor e tolerância. Este deve ser o natal que celebramos e que não termina no dia seguinte, mas deve estar presente em todos os nossos dias.

Volto em fevereiro. Bom natal a todos e um próspero 2011.

Marcos Faber

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Rollerball, Globalização e Mundial de Clubes da FIFA

Rollerball (EUA, 1975) é um clássico do cinema. O filme, uma ficção científica, se passa em 2018, um futuro hoje não tão distante, onde o mundo é controlado por grandes corporações transnacionais. Na verdade, no filme, o planeta não tem mais fronteiras nacionais. A cultura é massificada e globalizada. As corporações controlam tudo. A participação estatal é mínima.

As grandes empresas controlam a distribuição de alimentos, as matérias primas, os combustíveis e até mesmo os esportes.

Controlam o “pão e circo” dos antigos romanos.

No filme, o “circo” é representado por um esporte extremamente violento, o Rollerball. Esporte que é um misto de hockey, rugby, wrestling e luta de gladiadores. Disputado em todo o mundo, o esporte é muito popular, assim como seus principais jogadores.

Como não poderia ser diferente, apesar das diferenças étnicas, a cultura popular esta massificada. O Rollerball é praticado em todo o mundo. Portanto os campeonatos são mundiais. Assim, o principal time de Rollerball, o Houston (cidade do Texas) também possui os principais jogadores, em especial, o maior de todos, Jonathan E (brilhantemente interpretado por James Caan).

Como em Rollerball, a FIFA criou, em 2005, o FIFA Club Word Cup, no Brasil conhecido como Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, este campeonato tendo como participantes os campeões de todos os continentes do planeta, que no sistema de jogos eliminatórios, se enfrentam até a final, quando é sagrado o campeão do mundo de clubes.

Inicialmente este campeonato foi muito criticado, pois clubes de pouca ou nenhuma expressão faziam parte dele, especialmente clubes da Oceania, África e Ásia. Porém, este campeonato tem crescido a cada edição. As partidas lembram os jogos do Rollerball onde equipes “exóticas” do mundo inteiro se enfrentavam em busca do título mundial.

A partida entre Houston e Madrid e, principalmente entre os texanos e o time de Tóquio, demonstram que a cultura global é a mesma. Nos Estados Unidos, na Espanha ou no Japão as pessoas apreciam as mesmas coisas, curtem os mesmos esportes e idolatram os mesmos ícones, no caso Jonathan E.

Porém, quanto mais avança o filme, mais claro fica que as grandes corporações não estão preocupadas com o bem estar da população e muito menos de seus funcionários. O esporte sofre constantes mudanças de regras para atenderem as exigências dos patrocinadores e para aumentarem os índices de audiência.

Jonathan E, percebendo que as coisas não estão indo bem. Passa a questionar as mudanças de regras.

Em sua jornada, descobre que, na verdade, sua popularidade esta atrapalhando os interesses das grandes empresas para o Rollerball. Quando Jonathan expõe as falcatruas envolvendo o esporte, os mandatários do Rollerball tentam calá-lo.

Sabemos que muito de podre existe do reino da FIFA, porém ainda falta um Jonathan E para lançar luz nesta escuridão.

Mas voltando ao Mundial de Clubes, mesmo que este evento ainda necessite de ajustes é nele que as mais variadas culturas futebolísticas se enfrentam, algo que na Copa do Mundo de seleções já não acontece há muito tempo, pois as grandes estrelas do futebol mundial, sejam de quais países forem, jogam em clubes europeus, estando adaptados à cultura futebolística deste continente.

Já no Mundial de Clubes a situação é distinta, pois nele ainda podemos apreciar as escolas africanas, asiáticas e sul-americanas em sua mais perfeita manifestação.

Mas até quando a inocência e pureza das diferentes culturas futebolísticas estarão intactas não sabemos, mas o Mundial de Clubes é o evento onde elas melhor se manifestam.

Marcos Faber
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marfaber@hotmail.com

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Reds, Revolução Russa e SC Internacional


Este final de semana, assisti novamente o filme Reds (EUA, 1981) de Warren Beatty. Quem não viu, precisa ver. O filme não é somente uma aula de história, mas também de cinema – concorreu a 12 Oscar (venceu 3, incluindo melhor diretor a Beatty). O roteiro e a fotografia são fantásticos. Diane Keaton e Jack Nicolson estão impagáveis.

Reds conta a história de John Reed (Warren Beatty) jornalista e ativista socialista norte-americano que realizou a cobertura da I Guerra Mundial (1914-1918) e da Revolução Russa de 1917. O nome do filme é uma referência ao sobrenome do protagonista, mas também uma referência aos comunistas “vermelhos”.

Foi John Reed quem escreveu um dos mais importantes relatos sobre a Revolução Russa, seu livro Dez Dias que Abalaram o Mundo virou best seller assim que lançado e é até hoje referência sobre o período.

Reed (1887-1920) era fruto de sua época.

O final do século XIX e o início do século XX foram prodigiosos no surgimento de ideologias que defendiam a transformação do mundo. Foi esta a Era em que surgiram os primeiros movimentos internacionalistas que defendiam a quebra de antigos paradigmas e que pregavam o fim das barreiras nacionais, afinal o gênero humano é somente um.

Mas, contraditoriamente, esta também foi a Era que propagou a intolerância racial – se colonizava com justificativas racistas, utilizando-se até a ciência para isso – e foi, igualmente, a Era das duas grandes Guerras Mundiais.

Uma das tantas ideologias nascidas no período foi o movimento internacionalista. Os defensores destes ideais acreditavam que as barreiras nacionais deveriam deixar de existir e que todos os seres humanos eram iguais. O movimento internacionalista teve grande penetração em partidos e associações socialistas e anarquistas. Mas não somente nestes lugares.

Foi neste mesmo contexto que, em 1909, foi fundado em Porto Alegre um clube esportivo que tinha por objetivo principal congregar pessoas independentemente de sua cor, crença ou nacionalidade. O SC Internacional nasceu, como sugere o nome, como um clube internacionalista, ou seja, que enxergava um mundo sem fronteiras, onde todos eram iguais.

Mas, voltando ao filme. John Reed, um internacionalista, adepto dos ideais da Internacional Comunista, acreditava num mundo sem fronteiras nacionais, onde todos os seres humanos eram parte de uma só raça, a raça humana. John Reed era defensor do socialismo marxista, pois acredita que o socialismo era a única alternativa capaz de transformar o mundo num lugar melhor, mais igual e mais livre.

Mas, aquilo que se presenciou na Rússia, após a Revolução, foi o contrário disso. Pois na URSS foi criado um mundo opressor, que coibia as liberdades individuais em favor de uma suposta libertação do coletivo, este representado pelo Estado soviético.

Como sabemos pelo “andar da carruagem”, principalmente após a morte de Lenin e a ascensão de Stálin, o regime soviético se tornou numa grande e severa ditadura. As liberdades individuais foram suprimidas e a igualdade deu lugar a uma máquina estatal extremamente burocrática e hierarquizada.

Mesmo com seus ideais frustrados, Reed marcou seu tempo. Lutou contra o capitalismo mesmo estando no seio da nação que viria a se transformar na maior das potências capitalistas do século XX, os Estados Unidos.

Jamais desistindo de seus ideais. John Reed morreu em Moscou em 1920 sem presenciar a morte de Lenin e a ascensão de Stálin, bom pra ele, péssimo para os russos.

Assim como John Reed sonhava com um mundo vermelho (red), um mundo transformado pelo socialismo e sem barreiras nacionais, o SC Internacional sonha com o título do bicampeonato mundial e, assim, transformar o mundo em vermelho outra vez. Se os reds russos não tiveram sucesso, os reds colorados poderão ter.


Marcos Faber

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Revolução Farroupilha, futebol e o resto do mundo


Não existe data mais importante para o gaúcho do que o 20 de setembro. Neste dia, comemoramos a Revolução Farroupilha, andamos pilchados, assamos churrasco e bebemos mate – não que nos outros dias não façamos a mesma coisa, mas neste dia é especial. Foi num 20 de setembro que o Rio Grande do Sul tornou-se país, uma República em época de Brasil Império.

Com orgulho cantamos nosso hino: “Mostremos valor constância; Nesta ímpia e injusta guerra; Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra”. Ostentamos com orgulho nossa tradição e nosso passado.

Fomos forjados no calor da guerra (Guerra da Cisplatina, Revolução Farroupilha, Guerra do Paraguai, Revolução Federalista, Revolução de 23, Revolução de 30, Campanha da Legalidade, etc.). Nenhum Estado brasileiro lutou tanto por si e pelo Brasil como o Rio Grande do Sul.

Hoje, não existem mais guerras para serem travadas.

Por isso, não é só nosso passado que nos enche de orgulho. O presente também. Seja na política, na cultura ou no esporte, somos orgulhosos de quem somos. Como no caso do futebol. Neste moderno campo de batalha defendemos mais do que nossas tradições, defendemos quem nós somos.

Assim como na Revolução Farroupilha, no Campeonato Brasileiro, defendemos nossa honra, lutamos contra as injustiças do poder central e buscamos nossa autonomia.

Para sermos campeões precisamos vencer o adversário, o juiz, o STJD, a imprensa e a opinião pública. Tarefa muito penosa. Talvez, por isso, não vençamos o Brasileirão há tanto tempo. São inimigos de mais para serem batidos.

Neste ponto sou obrigado a concordar com o gremista Eduardo ‘Peninha’ Bueno, que afirmou que o Brasileirão só tem uma função: dar vaga à Libertadores da América. Pois, segundo ele, a Libertadores é o campeonato que vale de verdade. Curiosamente tirando o São Paulo, os clubes que costumam “vencer” o Campeonato Brasileiro não tem muito sucesso na Libertadores. Por que será?  Bom, esse é assunto para outro dia.

Assim como pensa o Peninha, pensa a maior parte do povo gaúcho, seja colorado ou gremista. O que vale mesmo é a Libertadores. Pois, é uma questão de hierarquia de campeonatos.

Quando os Farrapos marchavam para guerra, sua fama os precedia. Eram homens que há anos lutavam pela manutenção da fronteira do Brasil, eram homens ariscos, homens de guerra. Haviam lutado contra bandeirantes, castelhanos e indígenas. Eram homens forjados na guerra, que ostentavam vitórias em infinitas batalhas.

Da mesma forma, quando Internacional e Grêmio entram no gramado para a peleja, sua fama os precede. Somados os dois clubes têm 2 títulos mundiais, 4 Libertadores, 2 Recopas Sulamericanas, 1 Copa Sulamericana, 1 Suruga Cup, 5 Campeonatos Brasileiro e 5 Copas do Brasil. Isso ficando nos campeonatos oficiais. E sem contar que o Internacional vai disputar o Mundial de Clubes da FIFA no mês que vem (também já estando na final da Recopa Sulamericana de 2011).

Mas afinal, o que é? e quem é o gaúcho?

O gaúcho nasceu de uma combinação de etnias. Europeus (portugueses, espanhóis e, mais tarde, italianos e alemães), africanos (escravos) e indígenas (minuanos, guaranis e charruas).

Gaúcho era um termo pejorativo para homens desgarrados – alguns eram ladrões de gado –, que montavam cavalos “em pelo”, ou seja, sem sela. Eram homens rústicos, que viviam no campo. Eram os "guacho", que significa "órfão" e refere-se aos filhos de índia com o branco espanhol ou português. Somente em meados do século XIX o termo deixou de ser depreciativo.

Gaúcho é uma miscelânea. Todo gaúcho é meio brasileiro e meio castelhano. Todo gaúcho é meio africano e meio charrua.

Como afirmou, certa vez, o colorado Luís Augusto Fischer, no Rio Grande do Sul alguns tendem a ser mais brasileiros do que castelhanos, já outros mais castelhanos do que brasileiros. Isso faz bela e única nossa terra e nosso povo. São de contrastes e contradições que o gaúcho é forjado.

Assim, o Rio Grande do Sul elegeu o metalúrgico Lula presidente do país em 1989 (no Rio Grande, Lula venceu Fernando Collor nos dois turnos). Assim como o negro Alceu Collares e o gaudério Olívio Dutra foram eleitos governadores do Estado. Yeda, uma mulher, foi eleita governadora. Antes, o Rio Grande fora berço da Revolução de 30 e das Reformas de Base do Jango. Mas também foi terra dos ditadores Costa e Silva, Médici e Geisel. Somos terra de contradições!

Se Tarso Genro, do Partido dos Trabalhadores (PT), é nosso governador, o Partido Progressista (PP) é o partido com o maior número de prefeituras no Estado. Lembrem que se o PT é partido de esquerda, o PP é de direita (foi base de apoio à ditadura no Brasil – na época chamava-se Arena).

Não somos uma massa homogenia. Somos diferentes, divergentes e contraditórios. Porém, somos todos irmãos. Pois somos todos gaúchos. Para ser gaúcho basta querer, não é necessário nascer aqui, para ser gaúcho tem que pensar como pensam os gaúchos.

Gaúcho é quase uma ideologia.

Gaúcho é um modus vivendis. Pois concordamos em discordar. Concordamos em sermos diferentes.

Assim, também são colorados e gremistas. São contraditórios, são rivais, mas estão sempre próximos um do outro. Não vive um sem o outro. E, como todo gaúcho, são irmãos.

Desta forma, seguiremos em nossas batalhas, com nossa fama nos precedendo. E que “sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra”.

Marcos Faber
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marfaber@hotmail.com

domingo, 31 de outubro de 2010

Unção de Davi, eleição de Dilma e Corrida Maluca


O primeiro livro de Samuel descreve a unção de Davi. Essa história nos mostra a forma como foi eleito o rei de Israel, lá por volta do ano mil antes de Cristo.

Segundo o livro, o profeta Samuel recebeu instruções do próprio Deus para que fosse até a casa de Jessé, pois entre os filhos deste homem seria eleito o novo rei.

Em obediência, o profeta Samuel foi até a casa de Jessé.

Jessé, então, mandou chamar seus sete filhos. Quando Samuel olhou o filho mais velho, um homem forte, formoso e alto, logo pensou: “É este”.

Mas Deus falou ao profeta: “Não se impressione com a aparência nem com a altura deste homem. Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração”.

E assim, Jessé apresentou a Samuel seus sete filhos, mas Deus não escolheu nenhum deles.

Acredito que neste momento, Samuel deve  ter olhado para o céu e perguntado: “E agora? O que faço?”

Porém, havia mais um filho de Jessé, um jovem pastor de ovelhas que estava no campo pastoreando. Era Davi.

Jessé mandou chamá-lo.

Davi, provavelmente com menos de treze anos, era o eleito de Deus. Não por sua aparência, nem por sua força ou pela eloquência do seu discurso, mas porque era um homem segundo o coração de Deus.

Hoje (31 de outubro de 2010), foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. A eleição de Dilma Rousseff pôs fim a uma das eleições mais disputadas que nosso país já teve.

Mas não foi uma eleição limpa. Infelizmente os derrotados, apelaram para a criação de uma central de boatos via internet e telefone, gastaram dinheiro de campanha com intenção de difamar sua oponente.

Conheço algumas pessoas que receberam o telefonema terrorista. Nesta ligação, a então candidata Dilma era atacada. Chamada de terrorista, pro-aborto e outras coisas mais.

Ou seja, praticaram terrorismo eleitoral, acreditando que iriam mudar o voto dos eleitores.

Porém, foi um tiro no pé!

Tenho um amigo, eleitor do Serra no primeiro turno, que recebeu a tal ligação telefônica. Ficou tão furioso que hoje cedo da manhã foi até sua seção eleitoral onde votou na Dilma.

Mas por que ele mudou de voto?

Acredito que por não ter tido muita convicção do que estava fazendo no primeiro turno. Mas com certeza não foi somente por isso.

Na minha infância, eu assistia muitos desenhos animados. Gostava muito, em especial, da Corrida Maluca. Mesmo sendo criança, eu entendia que Dick Vigarista não tentava vencer por seus próprios méritos, mas por tentar trapacear/denegrir seus oponentes.

Assim foi, infelizmente, a campanha tucana, não se tentou vencer por seus méritos, mas tentando denegrir a imagem da oponente.

Deu no que deu.

Daqui a dois anos, teremos eleições para prefeito e vereador. Espero que nesta eleição possamos eleger nossos candidatos por seu coração (por seus méritos, por seu caráter) e não por sua aparência ou discurso.

Marcos Faber
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marfaber@hotmail.com

sábado, 16 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2, PSol e Caráter


Passada uma semana da estreia, Tropa de Elite 2 já arrastou milhares de pessoas aos cinemas do Brasil, é um fenômeno. Quarta-feira passada (13.10) fui ao cinema com minha esposa para assistir o filme, das 5 salas, 4 estavam passando o longa-metragem. Pretendíamos assistir a sessão das 20h, estava lotada, tentamos a das 21h, lotada, somente conseguimos ingresso para a sessão das 22h, saímos do cinema depois da meia-noite.

Confesso que o inicio do filme me preocupou um pouco. A narração em off do capitão Nascimento (Wagner Moura) fazendo pouco do intelectual Fraga (Irandir Santos), professor de História defensor dos Direitos Humanos. Pensei “Puxa o filme é mais fascista que o primeiro”, porém com o desenrolar do filme, do qual não entrarei em detalhes (vá ver o filme), a situação mudou.

Do ponto de vista comportamental (não econômico), capitão Nascimento é um conservador, já o professor Fraga, um liberal. Do ponto de vista político-ideológico, um está na direita e o outro na esquerda. Em meio à sujeira e a corrupção carioca, o caminho de ambos se cruza, pois os dois possuem algo que os aproxima, o caráter.

Assim como o filme analisa a sociedade como portadora de posições ideológicas antagônicas, o PSol também. Porém, entendo a posição ideológica do partido, não tem como separar política, economia e ideologia. Essas três caminham juntas. Um político ligado a um partido neoliberal, não tem como afirmar que suas prioridades são sociais. Por outro lado, um partido de orientação socialista, tem obrigações sociais impressas na vida de seus membros, já que estes obrigatoriamente fazem parte de sindicatos, ONGs e outras instituições de cunho social.

O que não entendo no caso do PSol é o motivo de, no Rio Grande do Sul, somente um nome forte ter concorrido à Câmara Federal nestas eleições, no caso Luciana Genro. Se Pedro Ruas tivesse concorrido junto, teriam se elegido os dois. Como somente a Luciana concorreu, apesar de seus mais de 150 mil votos (teve deputado eleito com 28 mil), não se reelegeu. Assim, duas fortes personalidades da política gaúcha estão fora do Planalto, pessoas de excelente caráter.

O subtítulo de Tropa de Elite 2 “Agora o inimigo é Outro”, dá pistas das mudanças em relação ao primeiro filme. Saem de cena os traficantes para entram os políticos corruptos, esses, assim como os primeiros, homens de mau caráter. Mas como uma diferença importante: foram eleitos pela população carioca.

Na visão do filme (talvez do diretor José Padilha), a política é suja e político é tudo corrupto. Se no primeiro filme bandido bom é bandido morto, neste o pau é nos políticos. Assim, o ápice do filme acontece quando o capitão Nascimento dá uma surra no secretário de segurança corrupto (no cinema, a plateia vibrou como se vibra gol em decisão).

Mas será que todo político é assim?

Não acredito! E não aceito que o povo brasileiro pense assim, perdendo a esperança com a política. Pois sem política não existe sociedade, não existe Estado.

O que fazer? Votar!

Votar em pessoas que nos representem. Pessoas que façam parte da mesma classe social ou trabalhista que nós. Pessoas que não preguem o individualismo, mas o bem coletivo. Pessoas de bom caráter.

Somente assim, teremos como vomitar a politicagem, as armações e a corrupção do seio de nossa sociedade.

Mas temos que começar por algum lugar!

Que tal por nós mesmos? Que tal revermos nosso caráter, afinal somos diferentes. Certo?

Marcos Faber
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Religião, Política, Aborto, Guerrilha e Star Wars



Fiquei intrigado com as informações que estão circulando no twitter, blogs, sites, orkut, facebook e you tube sobre a corrida presidencial. Falam que a Dilma vai legalizar o aborto, que ela é ex-guerrilheira, que esta fazendo nome em cima do Lula e etc.

Bom, em primeiro lugar, a questão do aborto. Dilma não é favorável ao aborto, acredito que ninguém é, talvés o diabo seja. Porém, como justificar as milhares de mulher que morrem a cada ano no país por realizarem o aborto em clínicas clandestinas.

Ainda assim, acredito que o aborto seja errado, mas quem sou eu para condenar essas pobres mulheres. O papel do Estado não deve ser o de legalizar o aborto, mas de tirar essas mulheres do risco de terem de fazê-lo. O aborto, na minha opinião, é injustificável, mas não serei eu que condenará quem o faz. Acredito que a melhor maneira de o Estado tratar o aborto é criando condições de as pessoas viverem melhor, poderem constituir uma família com uma vida dígna, até hoje é o que tem faltado às camadas mais pobres de nossa sociedade.

Se o aborto é errado, a prostituição, o abandono, a miséria também o são e a melhor forma de combatê-los é com políticas sociais. Como as que o governo atual têm feito.

Se a Dilma é ex-guerrilheira é por que ela entendeu melhor que a maioria das pessoas o que estava ocorrendo no Brasil daquela época. Pois os mesmos que aplaudem e "amaram" as novelas e mini-séries da Globo onde guerrilheiros eram heróis, desconhecem a realidade do Brasil nos anos de chumbo.

Guerrilheiro nos anos 60s-70s não eram bandidos, eram a resistência que sofria com a tortura e a prisão. É fácil assisitir STAR WARS e identificar Luke, Léa e Han Solo como heróis, mas eles eram a resistência aos opresseres, ou seja, eram guerrilheiros.

Por fim,  política não se faz sozinho. O Brasil não é uma monarquia onde o presidente/rei faz o que quer, quando quer e onde quer. O Brasil é uma República presidencialista e bicameral, ou seja, possui duas câmaras (deputado e senado), o presidente não governa sem maioria destas casas.

Mas não é só isso, o presidente não existe sem um partido, e, no caso da Dilma,  partido é o PT, que esta, por motivos óbvios no comando do governo Lula. Portanto, o PT estará no comando do governo Dilma. O mesmo partido que tanto fez pelos trabalhadores nos últimos 8 anos, continuará no poder com Dilma presidente.

Boa eleição.

Marcos Faber
Professor de história e evangélico.
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