domingo, 31 de outubro de 2010

Unção de Davi, eleição de Dilma e Corrida Maluca


O primeiro livro de Samuel descreve a unção de Davi. Essa história nos mostra a forma como foi eleito o rei de Israel, lá por volta do ano mil antes de Cristo.

Segundo o livro, o profeta Samuel recebeu instruções do próprio Deus para que fosse até a casa de Jessé, pois entre os filhos deste homem seria eleito o novo rei.

Em obediência, o profeta Samuel foi até a casa de Jessé.

Jessé, então, mandou chamar seus sete filhos. Quando Samuel olhou o filho mais velho, um homem forte, formoso e alto, logo pensou: “É este”.

Mas Deus falou ao profeta: “Não se impressione com a aparência nem com a altura deste homem. Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração”.

E assim, Jessé apresentou a Samuel seus sete filhos, mas Deus não escolheu nenhum deles.

Acredito que neste momento, Samuel deve  ter olhado para o céu e perguntado: “E agora? O que faço?”

Porém, havia mais um filho de Jessé, um jovem pastor de ovelhas que estava no campo pastoreando. Era Davi.

Jessé mandou chamá-lo.

Davi, provavelmente com menos de treze anos, era o eleito de Deus. Não por sua aparência, nem por sua força ou pela eloquência do seu discurso, mas porque era um homem segundo o coração de Deus.

Hoje (31 de outubro de 2010), foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. A eleição de Dilma Rousseff pôs fim a uma das eleições mais disputadas que nosso país já teve.

Mas não foi uma eleição limpa. Infelizmente os derrotados, apelaram para a criação de uma central de boatos via internet e telefone, gastaram dinheiro de campanha com intenção de difamar sua oponente.

Conheço algumas pessoas que receberam o telefonema terrorista. Nesta ligação, a então candidata Dilma era atacada. Chamada de terrorista, pro-aborto e outras coisas mais.

Ou seja, praticaram terrorismo eleitoral, acreditando que iriam mudar o voto dos eleitores.

Porém, foi um tiro no pé!

Tenho um amigo, eleitor do Serra no primeiro turno, que recebeu a tal ligação telefônica. Ficou tão furioso que hoje cedo da manhã foi até sua seção eleitoral onde votou na Dilma.

Mas por que ele mudou de voto?

Acredito que por não ter tido muita convicção do que estava fazendo no primeiro turno. Mas com certeza não foi somente por isso.

Na minha infância, eu assistia muitos desenhos animados. Gostava muito, em especial, da Corrida Maluca. Mesmo sendo criança, eu entendia que Dick Vigarista não tentava vencer por seus próprios méritos, mas por tentar trapacear/denegrir seus oponentes.

Assim foi, infelizmente, a campanha tucana, não se tentou vencer por seus méritos, mas tentando denegrir a imagem da oponente.

Deu no que deu.

Daqui a dois anos, teremos eleições para prefeito e vereador. Espero que nesta eleição possamos eleger nossos candidatos por seu coração (por seus méritos, por seu caráter) e não por sua aparência ou discurso.

Marcos Faber
http://www.historialivre.com/
marfaber@hotmail.com

sábado, 16 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2, PSol e Caráter


Passada uma semana da estreia, Tropa de Elite 2 já arrastou milhares de pessoas aos cinemas do Brasil, é um fenômeno. Quarta-feira passada (13.10) fui ao cinema com minha esposa para assistir o filme, das 5 salas, 4 estavam passando o longa-metragem. Pretendíamos assistir a sessão das 20h, estava lotada, tentamos a das 21h, lotada, somente conseguimos ingresso para a sessão das 22h, saímos do cinema depois da meia-noite.

Confesso que o inicio do filme me preocupou um pouco. A narração em off do capitão Nascimento (Wagner Moura) fazendo pouco do intelectual Fraga (Irandir Santos), professor de História defensor dos Direitos Humanos. Pensei “Puxa o filme é mais fascista que o primeiro”, porém com o desenrolar do filme, do qual não entrarei em detalhes (vá ver o filme), a situação mudou.

Do ponto de vista comportamental (não econômico), capitão Nascimento é um conservador, já o professor Fraga, um liberal. Do ponto de vista político-ideológico, um está na direita e o outro na esquerda. Em meio à sujeira e a corrupção carioca, o caminho de ambos se cruza, pois os dois possuem algo que os aproxima, o caráter.

Assim como o filme analisa a sociedade como portadora de posições ideológicas antagônicas, o PSol também. Porém, entendo a posição ideológica do partido, não tem como separar política, economia e ideologia. Essas três caminham juntas. Um político ligado a um partido neoliberal, não tem como afirmar que suas prioridades são sociais. Por outro lado, um partido de orientação socialista, tem obrigações sociais impressas na vida de seus membros, já que estes obrigatoriamente fazem parte de sindicatos, ONGs e outras instituições de cunho social.

O que não entendo no caso do PSol é o motivo de, no Rio Grande do Sul, somente um nome forte ter concorrido à Câmara Federal nestas eleições, no caso Luciana Genro. Se Pedro Ruas tivesse concorrido junto, teriam se elegido os dois. Como somente a Luciana concorreu, apesar de seus mais de 150 mil votos (teve deputado eleito com 28 mil), não se reelegeu. Assim, duas fortes personalidades da política gaúcha estão fora do Planalto, pessoas de excelente caráter.

O subtítulo de Tropa de Elite 2 “Agora o inimigo é Outro”, dá pistas das mudanças em relação ao primeiro filme. Saem de cena os traficantes para entram os políticos corruptos, esses, assim como os primeiros, homens de mau caráter. Mas como uma diferença importante: foram eleitos pela população carioca.

Na visão do filme (talvez do diretor José Padilha), a política é suja e político é tudo corrupto. Se no primeiro filme bandido bom é bandido morto, neste o pau é nos políticos. Assim, o ápice do filme acontece quando o capitão Nascimento dá uma surra no secretário de segurança corrupto (no cinema, a plateia vibrou como se vibra gol em decisão).

Mas será que todo político é assim?

Não acredito! E não aceito que o povo brasileiro pense assim, perdendo a esperança com a política. Pois sem política não existe sociedade, não existe Estado.

O que fazer? Votar!

Votar em pessoas que nos representem. Pessoas que façam parte da mesma classe social ou trabalhista que nós. Pessoas que não preguem o individualismo, mas o bem coletivo. Pessoas de bom caráter.

Somente assim, teremos como vomitar a politicagem, as armações e a corrupção do seio de nossa sociedade.

Mas temos que começar por algum lugar!

Que tal por nós mesmos? Que tal revermos nosso caráter, afinal somos diferentes. Certo?

Marcos Faber
http://www.historialivre.com/
marfaber@hotmail.com

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Religião, Política, Aborto, Guerrilha e Star Wars



Fiquei intrigado com as informações que estão circulando no twitter, blogs, sites, orkut, facebook e you tube sobre a corrida presidencial. Falam que a Dilma vai legalizar o aborto, que ela é ex-guerrilheira, que esta fazendo nome em cima do Lula e etc.

Bom, em primeiro lugar, a questão do aborto. Dilma não é favorável ao aborto, acredito que ninguém é, talvés o diabo seja. Porém, como justificar as milhares de mulher que morrem a cada ano no país por realizarem o aborto em clínicas clandestinas.

Ainda assim, acredito que o aborto seja errado, mas quem sou eu para condenar essas pobres mulheres. O papel do Estado não deve ser o de legalizar o aborto, mas de tirar essas mulheres do risco de terem de fazê-lo. O aborto, na minha opinião, é injustificável, mas não serei eu que condenará quem o faz. Acredito que a melhor maneira de o Estado tratar o aborto é criando condições de as pessoas viverem melhor, poderem constituir uma família com uma vida dígna, até hoje é o que tem faltado às camadas mais pobres de nossa sociedade.

Se o aborto é errado, a prostituição, o abandono, a miséria também o são e a melhor forma de combatê-los é com políticas sociais. Como as que o governo atual têm feito.

Se a Dilma é ex-guerrilheira é por que ela entendeu melhor que a maioria das pessoas o que estava ocorrendo no Brasil daquela época. Pois os mesmos que aplaudem e "amaram" as novelas e mini-séries da Globo onde guerrilheiros eram heróis, desconhecem a realidade do Brasil nos anos de chumbo.

Guerrilheiro nos anos 60s-70s não eram bandidos, eram a resistência que sofria com a tortura e a prisão. É fácil assisitir STAR WARS e identificar Luke, Léa e Han Solo como heróis, mas eles eram a resistência aos opresseres, ou seja, eram guerrilheiros.

Por fim,  política não se faz sozinho. O Brasil não é uma monarquia onde o presidente/rei faz o que quer, quando quer e onde quer. O Brasil é uma República presidencialista e bicameral, ou seja, possui duas câmaras (deputado e senado), o presidente não governa sem maioria destas casas.

Mas não é só isso, o presidente não existe sem um partido, e, no caso da Dilma,  partido é o PT, que esta, por motivos óbvios no comando do governo Lula. Portanto, o PT estará no comando do governo Dilma. O mesmo partido que tanto fez pelos trabalhadores nos últimos 8 anos, continuará no poder com Dilma presidente.

Boa eleição.

Marcos Faber
Professor de história e evangélico.
http://www.historialivre.com/