segunda-feira, 30 de maio de 2011

Teorias do Futebol (2): As oito faces de um futebolista

A história do lendário Hércules nos traz uma série de contos mitológicos, dos quais, se destacam os famosos 12 Trabalhos de Hércules. Nas 12 aventuras, o herói grego enfrenta uma série de desafios humanamente impossíveis de serem vencidos. Somente Hércules, um semideus, conseguiria completá-los.

Este fantástico mito nos permite compreender que o herói grego, em cada um dos trabalhos realizados, demonstra dominar cada uma das várias faces da personalidade que um herói deve ter. Hércules, segundo a tradição grega, mostrou ser sábio, objetivo, forte, astuto, perspicaz e persistente. Por isso venceu os 12 obstáculos que lhe foram impostos.

Como no exemplo de Hércules, um jogador de futebol também necessita dominar uma série de faces de sua personalidade para ser um bom futebolista. Não adianta ter habilidade com a bola se não houver objetividade. Assim como não resolve ter objetividade se não existir técnica. Por isso, dominar as 8 faces da personalidade de um futebolista é essencial para que um jogador de futebol realmente seja um craque.

As oito faces da personalidade de um futebolista são: sabedoria, habilidade, técnica, domínio próprio, sujeição à autoridade, objetividade, condicionamento físico e raça.

A primeira dela, a sabedoria é indispensável. Sei que qualquer conhecedor do futebol poderá citar uma grande quantidade de grandes jogadores de futebol que não se caracterizavam exatamente por serem grandes sábios. Mas também não podemos deixar de lembrar que um outro cem número de futebolistas se destacaram exatamente por esse motivo. Sem sabedoria, sequer é possível executar bem qualquer das outras características de um futebolista.

A segunda característica é a habilidade. Acredito que todas as pessoas possuem certas habilidades natas para realizarem determinadas coisas. Um futebolista necessita ter habilidades naturais para a execução de sua profissão, ou seja, jogar bola. Mas ter habilidade não garante sozinha ao jogador de futebol ser um grande craque.

A terceira face, a técnica, vem com o aperfeiçoamento da habilidade. Neste sentido a sabedoria auxilia no aperfeiçoamento e no desenvolvimento da técnica, o que amplia consideravelmente a habilidade de um futebolista.

O domínio próprio, quarta questão, é a que determina aqueles que se tornarão vencedores dos que não saberão ultrapassar o nervosismo e as provocações dos adversários, coisas normais em qualquer área de atuação.

A quinta, sujeição às autoridades, é necessária para que gere humildade e entendimento. Principalmente quando o futebolista acreditar-se acima do bem e do mal, ou seja, acreditar-se capaz de vencer sozinho qualquer adversidade. A sujeição às autoridades o segurará e o fará atentar para aquilo que lhe for ensinado por seus treinadores e preparadores.

A objetividade, sexta característica, se torna indispensável, pois não permite que o jogador de futebol se torne “firulento”, ou seja, não vire o jogador das jogadas desnecessárias. A objetividade fará com que o jogador busque o objetivo maior do futebol, que é maior do que o mérito pessoal, isto é, a vitória do time, a vitória do coletivo.

Condicionamento físico, sem a preparação adequada, física e mental, não existe o atleta, não existe o profissional.

E, por último, mas talvez a mais importante de todas, é a raça. Sem raça, sem determinação, sem desejo pela vitória não existe o craque, não existe o vencedor. O vencedor necessita de raça. Pois somente assim, não desistirá de seu objetivo e ampliará consideravelmente a habilidade que possui. Sua vontade de vencer o fará superar até mesmo os problemas de esgotamento físico que venha a enfrentar.

Deu para perceber que as faces da personalidade de um futebolista não se restringem a um jogador de futebol, mas a todas as pessoas e em todas as profissões. Se todos agirem desta forma (dominando as 8 faces da personalidade de um craque), seja em que profissão for, serão os melhores naquilo que fazem. Serão craques em suas profissões.

Experimente, se funcionou com Hércules, funcionará com todos nós.

Eu já comecei.

Marcos Faber

sábado, 14 de maio de 2011

A Nudez de Noé e a Falta de Limites


Acredito que todos conheçam a história bíblica do dilúvio. Não, não contarei esta história. Escreverei sobre o que aconteceu depois.

Como todos sabem, ou deveriam saber, Noé e sua família ficaram numa arca cheia de animais por quase cinco meses. Na arca, estavam, além de Noé, sua esposa, os três filhos, Sem, Jafé e o caçula Cam, e suas esposas. E, é claro, de centenas de casais de animais selvagens e domésticos.

Imaginem o cheiro do lugar, o barulho ensurdecedor, o trabalho constante e ainda escutar as reclamações da esposa: “Noé, os macacos estão brigando!”, “Noé, estou com vontade de comer um doce!”, “Noé, acabou o papel!” e, por fim, “Noé, você ainda me ama?”. Que estresse Noé deve ter passado!

Por tudo isso, quando saiu da arca, o patriarca construiu um altar onde realizou um holocausto a Deus. Ali, Noé agradeceu a libertação divina.

Em seguida, o patriarca bíblico plantou uma videira. Quando finalmente colheu a primeira safra de uvas, tratou de fazer vinho. O primeiro vinho pós-dilúvio não deve ter sido muito saboroso. Mas, mesmo assim, Noé recolheu-se em sua tenda, acendeu uma fogueira e encheu a cara.

Cam, um dos três filhos do ancião, viu a sombra do pai na parede da tenda. Provavelmente Noé estava dançando, alegre, feliz e aliviado. Cam foi até onde estava o pai e viu que ele estava nu. Peladão e dançando!

A reação de Cam foi a de pegar o grogue pai pela mão e leva-lo até os irmãos. Cam deveria estar às gargalhadas, debochando do bebum. Mas Sem e Jafé tiveram uma reação bem diferente. Repreenderam a atitude do irmão, cobriram o pai e o levaram de volta à tenda.

No dia seguinte, Noé, provavelmente com a maior ressaca, chamou Cam para uma conversa. O ancião olhou no fundo dos olhos do filho, como não percebeu arrependimento, o amaldiçoou. Segundo Noé, Cam e sua descendência estavam condenados a servir na tenda dos irmãos. Para o patriarca, o filho caçula era, agora, maldito sobre a terra.

Noé foi cruel com o filho? A resposta é simples: não.

Mas, para entender melhor o que aconteceu, precisamos compreender quem realmente era Noé nesta história toda. Esta tudo lá no livro de Gênesis. Noé havia sido escolhido por Deus para preservar a criação divina, pois ele era o único justo sobre a terra. Noé era o representante de Deus entre os homens, na verdade ele era a maior autoridade humana naquele momento. A atitude de Cam, não foi simplesmente a de humilhar o pai, mas a de humilhar e desrespeitar um sacerdote. Quando Cam humilhou o pai demonstrou sua falta de respeito àquele que era a maior autoridade que existia sobre a sua vida. Por isso, foi amaldiçoado.

Hoje, qualquer um pode perceber o desrespeito que existe para com as autoridades, sejam elas de que esferas forem. São pessoas que não respeitam policiais. Professores que são desrespeitados por alunos. Filhos que não obedecem aos pais. Jovens que abusam dos mais velhos. Para alguns, a culpa é da atual geração que cresce com excesso de liberdade, mas a verdade é que os desrespeitados, citados acima, também não respeitam seus pares.

Nas escolas que leciono, converso com pais que justificam a má educação dos filhos, afirmando que eles têm déficit de atenção ou hiperatividade ou outra patologia qualquer que foi lida em uma revista. Mas após consultarem especialistas, fica claro que o problema dos filhos é pura e simplesmente falta de limites. Fazem o que querem, não sabem se sujeitar às autoridades. Na verdade nem os pais sabem!

Presencio constantemente cenas de desrespeito, não só de alunos, mas também de professores que não se dão nem ao trabalho de respeitarem à execução do hino nacional, ao invés de darem o exemplo ficam conversando sobre novela ou Big Broder, tudo para eles é mais importante do que o momento cívico. Como cobrar postura diferente de seus alunos? E o que falar de meninas de 12 ou 13 anos que se vestem, perdoem-me a palavra, como prostitutas (usam micro saias, maquiagem, piercings e tatuagens com conotação sexual), me perdoem se soar conservador, mas essas meninas não respeitam nem as limitações de suas idades e, pasmem, têm a aprovação dos pais.

O que nos falta é educação. Se a sociedade brasileira tivesse um pouco do respeito que Sem e Jafé tiveram pelo pai, talvez nosso país não fosse obrigado a servir na tenda de outras nações.

Marcos Faber