domingo, 2 de abril de 2017

O que está acontecendo em Cachoeirinha: A Grande Greve de 2017


Marcos Faber 

Nos últimos dias, a pequena cidade de Cachoeirinha, município localizado na grande Porto Alegre, está nos noticiários de todo o país. Motivo: a greve dos funcionários públicos da cidade.

Conforme os dias têm passado, a greve tem tomado proporções muito maiores do que a própria importância da cidade no cenário nacional. Só para se ter uma ideia, Cachoeirinha possui 120 mil habitantes, mas apenas 3,5 mil funcionários municipais. Mesmo assim, as últimas marchas em protesto contra a administração da cidade já alcançaram quase 5 mil pessoas, superando ao dobro do número de grevistas, que são estimados em 2 mil.

Mas por que isso está acontecendo?

Antes de continuar, gostaria de mudar de assunto...

Vanguarda é uma palavra que vem do francês avant-garde, literalmente significa “a guarda avançada”. Numa guerra, os exércitos possuem uma formação avançada formada por batalhões de elite. Estas guardas são responsáveis por se posicionar à frente do restante do exército. São os primeiros a combater e, por consequência, os primeiros a sofrerem com os ataques do inimigo.

No exército romano os batalhões de vanguarda eram extremamente organizados, seus membros eram os principais guerreiros romanos. Eram os primeiros a combater. Mas quando a vitória era alcançada, tornavam-se heróis. Músicas eram entoados em celebração aos seus feitos. Sua memória jamais era esquecida.

Voltando à Cachoeirinha...

Muitas pessoas me perguntam sobre o que está acontecendo em nossa cidade. Poderia responder de várias formas: a retirada de direitos históricos que as várias categorias de municipários conquistaram ao longo dos anos; a tentativa de retirar nosso vale-alimentação, que tiveram os valores diminuídos; tentativa por parte do prefeito de controlar os recursos do IPREC (a previdência social – fundo de aposentadoria dos funcionários); e ainda outras coisas que estão para serem aprovadas.

Mas, no vigésimo quinto dia de paralizações, o prefeito e os vereadores da cidade autorizaram um ataque da polícia militar contra os grevistas. Dia 30 de março,  nós, grevistas, protestávamos em frente à Câmara de Vereadores contra mais uma alteração na lei que atinge nossos direitos.

Mesmo que quase 70% dos manifestantes fossem mulheres, o protesto foi duramente reprimido. Mais de 100 policiais militares auxiliados pelo batalhão de choque nos atacaram lançando bombas e disparando tiros de balas de borracha.

Trinta municipários foram feridos. Um professor foi espancado por um policial, o dito defensor da lei e dos cidadãos agrediu o manifestante quando este estava caído no chão.

Mas este ataque covarde que foi autorizado pelos políticos da cidade atraiu os holofotes da mídia nacional para Cachoeirinha.

Não estamos mais sozinhos! Estamos recebendo o apoio de vários movimentos sociais, de sindicatos, ativistas políticos, Direitos Humanos e, principalmente, dos cidadãos de Cachoeirinha que estão entendo o que está acontecendo.

Por isso, quando me perguntam como estamos resistindo a tudo que tem ocorrido na cidade, eu respondo:

“Nós somos os protagonistas da nossa própria história!

Não estamos dispostos a permitir que políticos corruptos escrevam a história que nos pertence! Estamos lutando para construir algo que servirá de modelo a toda a Terra.

Somos a vanguarda! Somos a guarda avançada que luta contra o Golpe nos direitos que está sendo programado para acontecer em todo o país. E que atingirá a todos os trabalhadores.

Nós estamos fazendo História!

E vamos continuar assim, pois é greve até a vitória!