quarta-feira, 22 de março de 2017

Duas histórias onde um jovem morre no final: Dwayne Ducke e o jovem Mike


Um grande amigo meu, que é professor, me contou que alguns anos atrás, conheceu um jovem chamado Mike. Disse ele que o jovem ingressou no magistério cheio de sonhos e ideais. E que não tinha medo ou vergonha de falar de suas aspirações políticas para todo mundo. Ele acreditava que poderia mudar o mundo.

Nas vezes em que o magistério estava sendo prejudicado, o jovem idealista era o primeiro a falar em luta, greve e paralisações. Em seu discurso havia a crença de que somente a educação poderia transformar a sociedade.

Meu amigo acreditava no potencial daquele jovem. E mais de uma vez cedeu sua casa para encontros da juventude. Destas reuniões Mike foi convidado para candidatar-se vereador.

Meu amigo estava lá, orgulhoso...

Outra história...

Enquanto caminhava em direção à encruzilhada, local onde ocorreria o pacto, o jovem Dwayne Ducke sonhava com o futuro. Seria um grande blues man.

Dwayne lembrava da história de seu sobrenome. O fim da escravidão nos Estados Unidos deu ao bisavô de Dwayne a liberdade. Após um período de sofrimento e escassez, o ex-escravo iniciou uma lucrativa criação de patos. De tanto sucesso, incorporou Ducke, pato em inglês, ao nome. Dwayne conhecia essa história, sua mãe a repetia sempre. “Não esqueça suas origens”, dizia ela.

Mesmo assim, o jovem entregou sua alma ao diabo. Numa encruzilhada encontrou o “coisa ruim”. Em troca, alcançaria seu sonho: ser um grande músico, um blues man, teria sucesso e venderia milhares de discos.

Dwayne Ducke assinou um ótimo contrato com uma gravadora. Antes do disco ser lançado já estava com a agenda de shows lotada. Mas o inesperado aconteceu. Ducke se acidentou enquanto viajava em turnê pelo Mississippi. Após sua morte, o interesse por seu álbum cresceu, vendeu milhares de discos, mas Dwayne nunca conheceu a fama em vida.

Voltando a primeira história...

Os primeiros anos da vida política de Mike foram duras, mas ele encarava tudo com grande satisfação.

Mas os anos se passaram. O agora experiente Mike resolveu ir a uma encruzilhada. Queria mais do que já tinha. Queira fama. Desejava o poder... Lá, Mike selou seu futuro, vendeu sua alma.

Assim como na história de Dwayne, poucos dias depois, o jovem Mike morreu em um acidente de carro. Com ele foram-se seus sonhos e ideais.

Mas o velho Mike ficou. E, mesmo sem alma, tornou-se prefeito. Alcançou o poder que desejava. Talvez tenha faltado que alguém lhe dissesse “Não esqueça suas origens”, não sei... talvez tenha sido outro o motivo, mas o fato é que o jovem Mike estava morto.

...

Para concluir, preciso fazer uma confissão...

Apesar de inspirada em várias lendas, o jovem Dwayne Ducke nunca existiu, muito menos seu bisavô criador de patos. Perdoem-me a licença poética.

Contudo, a história do jovem Mike é verdadeira. Não sei se verdadeiro era o jovem Mike. Quero crer que aquele “guri” cheio de ideais e sonhos tenha existido de verdade e que possa voltar. Pois, acredito... ainda dê tempo!